Parkinson e Sexo Masculino: Um Guia Completo Sobre Libido

Por SOS Parkinson • 30 de outubro de 2025

Por SOS Parkinson • 30 de outubro de 2025
Parkinson e Sexo Masculino: Um Guia Completo Sobre Libido, Disfunção Erétil e Tratamentos
A disfunção sexual é uma queixa comum e válida na Doença de Parkinson, impactando diretamente a qualidade de vida. Ela surge de uma complexa interação de fatores físicos, como a redução da dopamina e sintomas motores, e desafios psicológicos. Felizmente, existem tratamentos eficazes, desde medicamentos seguros para disfunção erétil até terapias de apoio, sendo a abordagem multidisciplinar a chave para o sucesso.
“O Elefante na Sala”: Por Que Falar Sobre Sexo e Parkinson é Crucial?
Para muitos homens diagnosticados com Doença de Parkinson (DP), as preocupações com tremores, rigidez e mobilidade dominam as consultas. No entanto, existe um “elefante na sala”, uma preocupação profunda e muitas vezes silenciosa: o impacto da Doença na Vida Sexual.
Sentimentos de vergonha, frustração ou medo de “falhar” são incrivelmente comuns. É fundamental validar esses sentimentos e trazer o tópico à luz. A sexualidade não é um luxo; é um pilar fundamental da saúde, da identidade e da qualidade de vida. Ignorar seu declínio é ignorar uma parte essencial do bem-estar do paciente.
Estudos indicam que a disfunção sexual afeta uma porcentagem significativa de pacientes com Parkinson, com taxas que podem ultrapassar 60-70%, sendo a disfunção erétil e a diminuição da libido as queixas mais frequentes. Falar sobre isso não é apenas necessário; é o primeiro passo para encontrar soluções.
Muitas vezes, a primeira mudança sentida é uma queda no desejo. Isso acontece muito antes dos desafios físicos se tornarem um problema na cama. A causa principal é neurológica e está ligada ao cerne da própria doença.
Além da química cerebral, os sintomas físicos clássicos do Parkinson apresentam barreiras mecânicas óbvias para o ato sexual.
Uma dica prática fundamental é tentar planejar os momentos de intimidade para os chamados períodos “ON” – os momentos do dia em que a medicação (como a levodopa) está em seu pico de efeito, e os sintomas motores estão mais controlados.
A disfunção erétil (DE), a incapacidade de obter ou manter uma ereção suficiente para a relação sexual, é talvez a queixa mais relatada por homens com Parkinson. É importante entender que a DE no contexto do DP raramente tem uma única causa; é uma tempestade perfeita de fatores.
A boa notícia é que a disfunção erétil em pacientes com Parkinson é tratável. No entanto, ela exige uma abordagem cuidadosa, que deve ser supervisionada obrigatoriamente pelo neurologista em conjunto com um urologista.
Sim, na maioria dos casos, eles funcionam muito bem. Medicamentos como Sildenafil (Viagra®) e Tadalafil (Cialis®) pertencem a uma classe chamada inibidores da PDE5. De forma simples, eles atuam relaxando os vasos sanguíneos do pênis, permitindo que mais sangue entre quando o homem é estimulado sexualmente.
É vital notar que eles não criam desejo; eles apenas facilitam a resposta física ao estímulo que já existe.
Esta é a informação mais crítica deste artigo. Muitos pacientes com Parkinson sofrem de Hipotensão Ortostática (HO).
A HO é uma queda abrupta da pressão arterial que ocorre ao mudar de posição, especialmente ao levantar-se (passar de deitado para sentado, ou de sentado para em pé). Isso acontece porque a disautonomia (mencionada anteriormente) impede o corpo de ajustar rapidamente a pressão. O resultado são tonturas intensas, visão turva e, em casos graves, desmaios e quedas perigosas.
O problema é: os medicamentos para disfunção erétil (Sildenafil, Tadalafil) também são vasodilatadores. O trabalho deles é baixar a pressão arterial para permitir maior fluxo sanguíneo.
O Risco: Tomar um medicamento para DE quando já se tem tendência à Hipotensão Ortostática pode potencializar perigosamente esse efeito. A combinação pode levar a tonturas severas, desmaios durante a atividade sexual ou quedas ao levantar-se após a relação.
A Recomendação: NUNCA se automedique com remédios para disfunção erétil. É absolutamente essencial que seu médico (neurologista e, se necessário, um cardiologista) avalie seu risco cardiovascular e monitore sua pressão arterial antes de prescrever. Muitas vezes, o tratamento é iniciado com doses mais baixas que as habituais, com monitoramento cuidadoso.
Embora a baixa libido seja a regra, uma minoria dos pacientes experimenta o exato oposto: um aumento intenso e, por vezes, incontrolável do desejo sexual. Isso é conhecido como hipersexualidade, um tipo de Transtorno do Controle de Impulsos (TCI).
FATO OBRIGATÓRIO: Isso não é uma falha de caráter ou um problema moral. É um efeito colateral químico, raro, mas bem documentado, de certos medicamentos para Parkinson, mais comumente os Agonistas Dopaminérgicos (como pramipexol ou ropinirol). Esses remédios estimulam os receptores de dopamina de forma tão intensa que podem “superaquecer” os centros de recompensa do cérebro.
Os sinais incluem comportamento sexual compulsivo, uso excessivo de pornografia, busca por parceiros de forma imprudente ou demandas sexuais que fogem ao padrão do paciente. Se você ou sua(seu) parceira(o) notar esse comportamento, ele deve ser imediatamente relatado ao neurologista. O ajuste da medicação geralmente resolve o problema.
O tratamento médico é apenas parte da solução. A reconexão íntima envolve estratégia, comunicação e adaptação.
Problemas sexuais no Parkinson não são uma sentença. Eles são complexos e raramente têm uma única causa, exigindo uma avaliação especializada e um cuidado que enxergue o paciente por completo. A solução quase sempre envolve uma equipe: o neurologista (para ajustar a medicação e avaliar riscos), o urologista (para tratar a DE), o fisioterapeuta (para melhorar a mobilidade) e, muitas vezes, o psicólogo ou terapeuta sexual (para lidar com a ansiedade e a comunicação do casal).
Na clínica SOS Parkinson Moema, entendemos que a qualidade de vida inclui a saúde sexual. Nossa equipe multidisciplinar é especializada em diagnosticar a causa exata do problema—seja ela motora, química ou psicológica—e criar um plano de tratamento seguro e integrado com sua terapia de Parkinson. Não deixe que a doença dite as regras da sua intimidade. Agende uma avaliação conosco.
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