O Papel da Fisioterapia Pélvica na Mulher com Parkinson: Além da Incontinência

Por SOS Parkinson • 07 de dezembro de 2025

Por SOS Parkinson • 07 de dezembro de 2025
O Papel da Fisioterapia Pélvica na Mulher com Parkinson: Além da Incontinência
Para mulheres com Doença de Parkinson, a fisioterapia pélvica é uma ferramenta de tratamento subestimada, mas fundamental. Seu papel vai muito além de tratar a incontinência; ela é essencial para abordar a dor na relação sexual (dispareunia) e a constipação crônica, sintomas causados diretamente pela rigidez muscular e disautonomia da doença. Esta abordagem melhora drasticamente a qualidade de vida, a saúde sexual e o bem-estar geral da paciente.
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Quando pensamos em fisioterapia pélvica, a primeira ideia que vem à mente é “incontinência urinária” e a necessidade de “fortalecer” um assoalho pélvico fraco. No entanto, na mulher com Doença de Parkinson, o problema é frequentemente o oposto.
O assoalho pélvico é um grupo de músculos que sustenta a bexiga, o útero e o intestino. Assim como qualquer outro músculo do corpo, ele é controlado pelo sistema nervoso. No Parkinson, os sintomas motores cardinais – rigidez e bradicinesia (lentidão) – não afetam apenas os braços e as pernas; eles afetam também essa musculatura profunda.
O resultado é, muitas vezes, um assoalho pélvico hipertônico: músculos que estão cronicamente tensos, rígidos e “travados”. Essa rigidez muscular é a fonte de múltiplos problemas que vão muito além de um simples “vazamento”.
Vamos começar pelo óbvio. Sim, a fisioterapia pélvica é vital para tratar queixas urinárias, que são extremamente comuns no Parkinson. Mas, novamente, a causa nem sempre é a fraqueza.
Muitas mulheres com DP sofrem de bexiga hiperativa. Isso é causado pela disautonomia (um sintoma não-motor do Parkinson), onde os nervos que controlam a bexiga se tornam erráticos. Isso gera:
Como a Fisioterapia Pélvica ajuda: O(a) fisioterapeuta pélvico(a) não irá apenas “fortalecer”. Ele(a) irá:
Este é o ponto crucial que mencionamos em nosso artigo sobre sexualidade feminina. Muitas mulheres com Parkinson relatam que o sexo se tornou doloroso, uma condição chamada dispareunia.
A causa é direta: a rigidez do Parkinson.
Imagine os músculos da entrada vaginal cronicamente tensos e rígidos. Qualquer tentativa de penetração encontrará uma “barreira” muscular dolorosa. A mulher, então, antecipa a dor, contrai-se ainda mais, e o sexo se torna um ciclo vicioso de dor e ansiedade.
Como a Fisioterapia Pélvica ajuda: O objetivo aqui não é fortalecer, mas sim relaxar, alongar e dessensibilizar. O(a) fisioterapeuta utiliza:
Ao liberar essa rigidez pélvica, a fisioterapia trata a causa física da dor sexual.

O Papel da Fisioterapia Pélvica na Mulher com Parkinson: Além da Incontinência
O orgasmo é um evento neuromuscular complexo. Ele exige uma boa circulação sanguínea na região pélvica e uma série rítmica de contrações e relaxamentos musculares.
Um assoalho pélvico rígido e hipertônico é um assoalho pélvico com má circulação e péssima coordenação. A mulher pode sentir a região “desconectada” ou “dormente”, tornando a resposta orgástica difícil ou impossível (anorgasmia).
Como a Fisioterapia Pélvica ajuda: Ao restaurar a função normal do músculo – ensinando a contrair e, igualmente importante, a relaxar completamente – a fisioterapia melhora a propriocepção (a consciência corporal) da região. Isso, combinado com a melhoria do fluxo sanguíneo local, pode ser um fator decisivo para restaurar a capacidade orgástica.
Finalmente, um dos sintomas não-motores mais prevalentes no Parkinson é a constipação intestinal severa. Isso acontece por dois motivos:
Muitos pacientes com Parkinson desenvolvem uma “dissinergia” – eles tentam fazer força para evacuar, mas, em vez de relaxarem o assoalho pélvico para “abrir a porta”, eles o contraem, “fechando a porta”. Isso torna a evacuação extremamente difícil e dolorosa.
Como a Fisioterapia Pélvica ajuda: O(a) fisioterapeuta ensina a mecânica evacuatória correta. Usando biofeedback, a paciente aprende a coordenar a respiração e a força abdominal com o relaxamento total do assoalho pélvico, facilitando a passagem das fezes.
É importante desmistificar o processo, que é conduzido por um(a) fisioterapeuta altamente especializado(a) em saúde da mulher. A primeira sessão envolve uma avaliação detalhada para entender suas queixas (urinárias, sexuais, intestinais) e avaliar o tônus da sua musculatura. O tratamento é individualizado, indolor e focado em seus objetivos, seja ter relações sem dor, controlar a urgência urinária ou melhorar a função intestinal.
O assoalho pélvico na mulher com Parkinson é afetado diretamente pela rigidez e pela disautonomia. Tratá-lo não é um luxo, mas uma necessidade.
Na clínica SOS Parkinson Moema, a fisioterapia pélvica é uma parte integrante da nossa abordagem multidisciplinar. Ela funciona em conjunto com o neurologista (que trata a rigidez sistêmica com medicação) e o ginecologista (que pode tratar a secura vaginal causada pela menopausa, por exemplo). Não aceite a dor ou a incontinência como uma sentença.
Se você sofre com dor nas relações, constipação crônica ou problemas urinários, agende uma avaliação e descubra como a fisioterapia pélvica especializada pode devolver sua qualidade de vida.
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